Somos esses gestos pálidos segurando uma espécie de nada
Que conflui na expectativa da ausência;
Os gestos vertidos,
E os gestos sedosos,
Gestos sem intento, ou causa, ou expectativa.
Somos todos esses gestos amarrotados
Feitos do deslizar das mãos em basaltos mornos
Onde os corpos se estendem, infinitos.
Por vezes, é possível diagnosticar um sorriso,
Uma labareda latejando sobre esta espécie de asfixia
Que se forma em redor das bocas,
Como a lembrança súbita de um sonho inútil.
Somos gestos, esses gestos e apenas esses,
Insinuando-se por entre golfadas desorientadas
De ar estaladiço.
Um moroso trepidar de tempo em que
As mãos vagueiam estéreis sobre o cabelo molhado,
E os olhos se fecham, ínfimos.
1 comment:
é tão assim que... os gestos alcançam moradas que se tornam a nossa cara.
adoro esta obra!
Parabéns continuas a seduzir-me o crédito de idolatria. está tão estrondoso que vou imprimir e levá-lo comigo.
beijo VAL
Post a Comment